quinta-feira, 26 de abril de 2012

O humor na imprensa escrita: Agamenon e José Simão [Melissa Neves] #1

No Brasil, as publicações humorísticas estão em circulação desde o início do desenvolvimento da imprensa nacional, com a vinda da corte portuguesa para o país. Após o fim da censura prévia, praticada pela família real até 1821, surgiram órgãos informativos independentes do governo, os quais já continham traços de humor em seu conteúdo, mas eram bastante formais.
Só no século XX é que surgiu o primeiro jornal totalmente dedicado ao conteúdo cômico. O Planeta Diário foi criado pelos humoristas Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva, em 1984, os quais, inclusive, já haviam escrito para a revista Cruzeiro. Tratava-se de um humor inovador, que usava do formato gráfico jornalístico para ironizar o cotidiano brasileiro por meio de manchetes falsas. Em suma, a idéia dos autores era utilizar o layout tradicional dos periódicos convencionais para apresentar ironias, elaboradas por paródias, anúncios fajutos e fotos satíricas.
Até 1992 O Planeta Diário foi escrito. Após o fim de sua publicação, Hubert e Marcelo Madureira juntaram-se para escrever a coluna Agamenon no jornal O Globo, aos domingos, seguindo o mesmo caráter cômico. Os textos periódicos continuam como uma atração do Segundo Caderno do  O Globo e apresentam os mesmos jogos de palavras, paródias e fotos inusitadas, sendo, portanto, um fragmento do que foi o tablóide O Planeta Diário nos anos 80. Atualmente, os autores da coluna mantêm também um blog (http://oglobo.globo.com/cultura/agamenon/), com as mesmas colunas publicadas no jornal.
Outra coluna humorística que permanece em circulação é a do José Simão, no caderno Ilustrada da Folha da S. Paulo. Diferentemente de Agamenon, os textos de Simão são publicados todos os dias da semana, exceto na segunda-feira e no sábado. O colunista da Folha produz textos curtos, usando muitas gírias e onomatopéias, ao contrário do que ocorre na coluna do O Globo. Os temas tratados são os mesmos. Política, futebol, celebridades e fatos jornalísticos, de grande relevância nacional e/ou mundial. É importante destacar, ainda, que José Simão não usa a forma tradicional (diagramação, fotografias com legendas) para ironizar assuntos de grande repercussão, como faz Agamenon. Por outro lado, Simão produz uma espécie de sátira escancarada, dizendo o que pensa em seu próprio nome.  Agamenon se traveste de um personagem fictício, que deixa seus autores um tanto quanto velados (ademais, o texto da coluna é escrito em conjunto, o que ameniza as opiniões individuais de Hubert e Marcelo Madureira). À propósito, foi lançado esse ano o filme As aventuras de Agamenon: o repórter , que revela a vida do personagem que intitula o longa-metragem.

3 comentários:

  1. Bom, infelizmente essa postagem ficou um pouco longa, porque era importante descrever uma breve narrativa histórica sobre o humor na imprensa escrita e contextualizar o meu assunto a ser pesquisado. Feito isso, minhas próximas atualizações serão mais breves e interativas.

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  2. Melissa, muito interessante. Gosto muito de ler ambas as colunas!
    Vamos aguardar então as próximas postagens interativas, como você mesma disse!

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  3. Ficou longa, mas ficou muito boa :)

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