Na última postagem comentei sobre o uso do bordão no rádio e seu apelo popular, mas para contextualizar de maneira mais independente essa informação decidi entrevistar um pequeno grupo de pessoas. Para ser mais exato, realizei 10 entrevistas com pessoas entre 16 e 23 anos para verificar se o rádio esportivo ainda continua forte, e se o bordão ajuda a manter essa força. Quero deixar claro que optei por entrevistar pessoas nessa faixa etária, sendo que essa foi uma escolha pensada no intuito de tentar perceber se a tradição do rádio esportivo continua sendo passada de geração em geração mesmo com a forte concorrência imposta pela televisão e seu sem número de ângulos e imagens de uma partida.
Levando em conta a minha limitação para se fazer uma pesquisa mais ampla acabei fazendo o seguinte:
- Entrevistei 2 americanos antes da partida América X CRB nos arredores do Estádio Independência no dia 26/05/2012
-Entrevistei 4 cruzeirenses via Facebook, pelo fato de não ter acontecido partida alguma do Cruzeiro em BH. Acredito que isso não tenha modificado a eficácia da pesquisa em um modo geral.
- Entrevistei 2 atleticanos antes da partida Atlético X Corinthians nos arredores do Estádio Independência no dia 27/05/2012 e outros 2 via Facebook.
Fiz essa divisão pois a Rádio Itatiaia transmite todas as partidas de América, Atlético e Cruzeiro e é sabido que as torcidas de Cruzeiro e Atlético são as maiores em Minas Gerais.
Pois bem, a pesquisa consistiu nas seguintes perguntas:
- Você acompanha transmissões esportivas no rádio?
- Qual é a sua emissora preferida?
- O que você pensa sobre os bordões no rádio esportivo?
Na primeira pergunta a resposta foi quase unânime, 8 dos 10 entrevistados responderam que acompanham transmissões esportivas no rádio. Dos 2 que disseram não acompanhar, um era americano e outro cruzeirense. Ambos responderam na segunda questão que não tinham preferência por nenhuma emissora.
Na segunda questão, 3 emissoras foram citadas. 1 cruzeirense disse preferir a Rádio Globo e outro entrevistado, também cruzeirense, disse acompanhar com frequência a Rádio Estadão/ESPN. Os outros 6 disseram preferir a Rádio Itatiaia. A curiosidade fica por conta do fato de todos os atleticanos na pesquisa preferirem a Itatiaia, sendo que apenas um cruzeirense disse escolher essa emissora.
Já no último questionamento proposto por mim, obviamente as respostas foram mais variadas por conter um caráter mais reflexivo e por ser uma opinião pessoal. Porém, ao adotar uma linha mais ampla em tornos das respostas pude perceber que a maioria dos entrevistados disseram que o bordão é importante para divertir a audiência e criar uma marca para o radialista. Dos 10 entrevistados 7 citaram um desses 2 fatores, dentre eles Luiz Fernando, 22 (atleticano): "Acho os bordões fundamentais para criarem marcas sonoras para o público e identidade ao radialista." ; e Gustavo de Paula, 20 (cruzeirense): "É um tipo de identidade do narrador, quando ele fala um bordão transmite alegria pra torcida".
Outro fator citado foi a busca pela audiência como nas falas de Vitor Barcelos,19 (cruzeirense): "Fazem parte de uma estratégia para atrair ouvintes"; e João Victor,16 (americano): "É o diferencial para se escutar o rádio.".
No entanto nem tudo são flores. Dois dos pesquisados disseram que o uso desses bordões são resquícios de uma falta de renovação nesse meio, como afirmou Pedro Barrote,19 (atleticano): "Acho ultrapassado assim como os dinossauros que são chamados de comentaristas. São sempre os mesmos, não renova.". A falta de imparcialidade também foi citada: Gabriel Teixeira,19 (atleticano):"Ao mesmo tempo que trazem emoção ao jogo, tiram a imparcialidade." . Além disso o divertimento pra alguns não é significativo,como é o caso de Thales Batista,19 (atleticano): que diz que nem os bordões são capazes de animá-lo: "Estou descrente com o futebol", porém reconhece a importância desse artifício: "São importantes pois criam a identidade da emissora e de seus ouvintes.".
Peço desculpas se ultrapassei o limite de caracteres, porém essa foi a melhor forma que encontrei para comentar a pesquisa.
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