O filme assistido para essa
quinzena foi o Bem Dotado, o Homem de Itu,
um dos mais clássicos da Pornochanchada. O filme também dirigido por Anibal
Massaini Neto conta a história de um caipira de Itu, interpretado por Nuno Leal
Maia. Lírio, o tal caipira, fora criado pelo padre da pequena cidade, e casto
que só, nunca tinha tido nenhuma experiência com nenhuma mulher. Duas milionárias, ao verem o “dote” do rapaz,
dão um jeito de levá-lo para São Paulo e ele acaba se tornando mordomo de uma
delas. Na cidade grande ele se torna
cobiçado por todo tipo de mulher e acaba ficando com boa parte delas durante
todo o filme também.
O filme em questão exemplifica
bem o efeito psicológico que a pornochanchada causava em seu público como
descrito por Marcel de Almeida Freitas no seu artigo ENTRE ESTEREÓTIPOS, TRANSGRESSÕES E LUGARES COMUNS: notas sobre a pornochanchada
no cinema brasileiro. “O efeito psicológico da Pornochanchada era atingir
diretamente as fantasias e despertar os mecanismos projetivos dos espectadores.
As mulheres extremamente maquiadas e ‘liberadas’ mexiam diretamente com o sonho
erótico do homem médio brasileiro. Havia também um segundo processo psíquico,
ou seja, levava a uma identificação direta daquele indivíduo submisso, pobre e
sem perspectivas com os galãs – grande parte canastrões e carregados no gestual
– valentes, audazes e sexualmente predadores”. Lírio, aquele caipira que é ingênuo e ao mesmo
tempo predador, resume o que boa parte dos homens quer ter: todas as mulheres
de uma cidade a sua mão.
Já as mulheres do filme também
podem ser contextualizadas com as personagens que Flavia Seligman descreve no
seu artigo, “As meninas daquela hora”. Tanto a simples garota de Itu, quanto as
milionárias de São Paulo se derretem por Lírio. Apesar de se derreterem de maneiras
diferentes, cada uma segue bem o script destinado para cada estereótipo das personagens
femininas da pornochanchada.
Suas análises estão bastante acertadas e bem fundamentadas.
ResponderExcluir