quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Bem Dotado [Augusto Gomes Drumond] #3


O filme assistido para essa quinzena foi o Bem Dotado, o Homem de Itu, um dos mais clássicos da Pornochanchada. O filme também dirigido por Anibal Massaini Neto conta a história de um caipira de Itu, interpretado por Nuno Leal Maia. Lírio, o tal caipira, fora criado pelo padre da pequena cidade, e casto que só, nunca tinha tido nenhuma experiência com nenhuma mulher.  Duas milionárias, ao verem o “dote” do rapaz, dão um jeito de levá-lo para São Paulo e ele acaba se tornando mordomo de uma delas.  Na cidade grande ele se torna cobiçado por todo tipo de mulher e acaba ficando com boa parte delas durante todo o filme também.

O filme em questão exemplifica bem o efeito psicológico que a pornochanchada causava em seu público como descrito por Marcel de Almeida Freitas no seu artigo ENTRE ESTEREÓTIPOS, TRANSGRESSÕES E LUGARES COMUNS: notas sobre a pornochanchada no cinema brasileiro. “O efeito psicológico da Pornochanchada era atingir diretamente as fantasias e despertar os mecanismos projetivos dos espectadores. As mulheres extremamente maquiadas e ‘liberadas’ mexiam diretamente com o sonho erótico do homem médio brasileiro. Havia também um segundo processo psíquico, ou seja, levava a uma identificação direta daquele indivíduo submisso, pobre e sem perspectivas com os galãs – grande parte canastrões e carregados no gestual – valentes, audazes e sexualmente predadores”.  Lírio, aquele caipira que é ingênuo e ao mesmo tempo predador, resume o que boa parte dos homens quer ter: todas as mulheres de uma cidade a sua mão.  
Já as mulheres do filme também podem ser contextualizadas com as personagens que Flavia Seligman descreve no seu artigo, “As meninas daquela hora”. Tanto a simples garota de Itu, quanto as milionárias de São Paulo se derretem por Lírio. Apesar de se derreterem de maneiras diferentes, cada uma segue bem o script destinado para cada estereótipo das personagens femininas da pornochanchada.

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