A cena inicial até engana, uma reunião feminista como
abertura do longa dá certa impressão de engajamento político e seriedade. Mas
logo logo esse ar mais sério se desaparece do filme A Super Fêmea. A pornochanchada de 1973 estrelada por Vera Fischer e dirigida por Anibal Massaini Neto conta a
história de uma mulher que é contratada para estrelar a campanha do lançamento da pílula anticoncepcional masculina. Sim, uma história bem bizarra para um filme bem água com açúcar.
Boa parte do filme mostra a procura incessante de uma agência pela mulher que ficaria conhecida como a Super Fêmea, uma mulher que representasse todos os desejos masculinos e alavancassem as vendas da pílula com os homens. Apesar de transgressora em certos aspectos, a pornochanchada refletia alguns estereótipos e preconceitos da sociedade brasileira. As mulheres que são rejeitadas e a própria Vera Fischer, a escolhida, são tratadas como objeto ao longo do filme, um dos apaixonados pela protagonista faz até uma boneca que a representa. A própria escolha pelo termo fêmea no título endeusador, dá a essa mulher a conotação de procriadora, de que precisa de um macho para se completar.
Para uma pessoa como eu, que está acostumada a um tipo de produção cinematográfica tão determinada, passar pelo primeiro teste da pornochanchada não é uma coisa tão simples. Os filmes hoje são produzidos com conteúdo muito mais explícito, principalmente os filmes hollywoodianos. E porque usar o termo explicito?Nos filmes atuais, comédia e sexo vão sempre direto ao ponto, filmes de comédia são feitos para rir e somente rir e filmes de sexo, ah, deixa pra lá! Em A Super Fêmea, a risada e o erótico são colocados de forma bem sutil (para os dias de hoje!), num ritmo que caracteriza bem as produções daquela época.
Para uma pessoa como eu, que está acostumada a um tipo de produção cinematográfica tão determinada, passar pelo primeiro teste da pornochanchada não é uma coisa tão simples. Os filmes hoje são produzidos com conteúdo muito mais explícito, principalmente os filmes hollywoodianos. E porque usar o termo explicito?Nos filmes atuais, comédia e sexo vão sempre direto ao ponto, filmes de comédia são feitos para rir e somente rir e filmes de sexo, ah, deixa pra lá! Em A Super Fêmea, a risada e o erótico são colocados de forma bem sutil (para os dias de hoje!), num ritmo que caracteriza bem as produções daquela época.
O filme faz parte do que podemos chamar de primeira fase da pornochanchada, fase que pega um pouco mais leve no erótico e que conta com várias atrizes e personalidades que resistiram ao gênero, que continuaram famosos mesmo após a decadência desse tipo de filme. Vera Fischer é um exemplo disso, por ter entrado no ramo das telenovelas da Globo, continua conhecida pela família brasileira. Como coloca Marcel de Almeida Freitas em seu artigo sobre a pornochanchada, a atriz completou " o rito de passagem/ exorcismo" ao ser inserida nas novelas globais.
Pra quem quiser me acompanhar vendo os filmes comentados, acesse o blog Acervo Nacional que tem disponível para download grande parte da pornochanchada brasileira, inclusive a A Super Fêmea.
http://acervonacional.blogspot.com.br/
Pra quem quiser me acompanhar vendo os filmes comentados, acesse o blog Acervo Nacional que tem disponível para download grande parte da pornochanchada brasileira, inclusive a A Super Fêmea.
http://acervonacional.blogspot.com.br/
Artigo lido para essa quinzena:
http://seer.ufrgs.br/intexto/article/view/3639/4440
http://seer.ufrgs.br/intexto/article/view/3639/4440
O post é bastante esclarecedor e toca num ponto muito importante, que é essa abordagem da mulher como objeto. Só não entendi bem a frase: "Para uma pessoa como eu, que está acostumada a um tipo de produção cinematográfica tão determinada".
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