segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Jeca é muitos jecas em um só [Eduarda Rodrigues] #2



       Um caipira escrito por Monteiro Lobato em 1918 e outro vivido por Mazzaropi em 1959. Além do nome, eles carregam inúmeras características e realidades próprias de um homem que pode ser visto ingênuo e preguiçoso, mas é também retrato das misérias do Brasil.
Nos quatorze contos reunidos em “Urupês”, descobrimos a vida cotidiana do homem do campo, nas suas mazelas e seus infortúnios. Favorecimento político, disputa por terras e golpes marcam as narrativas. E justamente são esses os pontos explorados pelo jeca de Mazza (como ele gostava de ser chamado) na construção do enredo hilário e comovente da vida do sertanejo. 
Assistir ao filme preto e branco que narra as desventuras caipiras explica porque essa é a quinta maior bilheteria brasileira, a obra é uma delícia. Além de contar com textos bem interpretados, vasto elenco e locações realistas, o grande trunfo é a caracterização bem humorada que Amácio Mazzaropi faz do caboclo sem coragem para trabalhar e que na sua ignorância de vida rural vence os problemas da vida de forma humorada e astuta.



No trailer podemos notar que uma homenagem explícita é feita ao doentio Urupê (apelido dado ao Jeca da literatura e que quer dizer fungo parasita), mas colocando nele uma nova roupagem, uma força escondida por baixo da ignorância e da falta de oportunidades. Se para Lobato a única coisa que esse roceiro sabia fazer era votar, para Mazzaropi ele sabia ganhar a vida e usar esse voto para mudar alguma coisa.

         É possível encontrar o filme completo no youtube, mas assistir no velho videocassete pode ser bem divertido. Algumas locadoras ainda possuem essa filmografia completa em VHS.

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