Lixo Extraordinário é
um documentário marcado pela multiplicidade de vozes. De acordo com
diferentes interpretações subjetivas, nota-se a presença da perspectiva
da direção, codireção, do artista e dos catadores de lixo. Diante dessa
polifonia, uma das visões que abrange boa parte do filme é a de Vik Muniz. Vik,
através do documentário, reconstitui a realidade do aterro de acordo com sua
tendência artística. As fotografias que o artista tirou de alguns catadores,
por exemplo, não são espontâneas, e sim imagens que remetem a outros contextos
artísticos.
Fotos que ilustram a retirada dos catadores de seu contexto social - o lixão.
Outra vertente
favorecida é o olhar estrangeiro sobre a questão social brasileira. Essa
influência pode ter explicação na nacionalidade inglesa da diretora Lucy Walker.
Também o fato de Vik Muniz ter morado os últimos 30 anos da sua vida nos Estado
Unidos, acaba endossando esse argumento. Para comprovar essa
perspectiva estrangeira sobre o documentário, basta destacar que as obras de
arte produzidas por Vik a partir de material reciclável seriam expostas e
vendidas primeiramente em leilões estrangeiros. O uso do inglês em muitas das
passagens do documentário também é marca da influência americana.
Cenas que mostram Vik,
a mulher e parte da equipe discutindo sobre o futuro dos catadores. E depois, o
leilão da obra de Muniz no exterior.
Mesmo com essas
observações, é difícil destacar um olhar único e total sobre o documentário. As
diferentes interpretações subjetivas acontecem de acordo com as diversas respostas
dadas as questões como: “o filme foi feito para a pequena parte da população
brasileira que assiste documentários ou para o público estrangeiro? O que o
filme aborda, a arte de Muniz, a vida dos catadores ou as mazelas da sociedade
brasileira?”
Acho que a ideia de um olhar estrangeiro é mais interessante do que o olhar de Vik Muniz, a menos que você queira ver Vik Muniz mais como um enunciador construído no texto do que como alguém externo a essa produção. É um assunto para discutir no encontro presencial.
Acho que a ideia de um olhar estrangeiro é mais interessante do que o olhar de Vik Muniz, a menos que você queira ver Vik Muniz mais como um enunciador construído no texto do que como alguém externo a essa produção. É um assunto para discutir no encontro presencial.
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