segunda-feira, 14 de maio de 2012

Rádio Itatiaia: cada um com seu bordão [Pedro Lucas Amim] #2

Parece pré-requisito. Para entrar no time que transmite jogos de futebol pela Rádio Itatiaia o jornalista precisa ter sua própria marca. São poucos aqueles que não utilizam desse artifício. Tanto narradores quanto repórteres de campo brincam bastante com o uso dos bordões, tornando a transmissão do jogo mais dinâmica e emocionante. Mas qual a justificativa desse uso? A ausência de imagem é a resposta.

Locutor Alberto Rodrigues em ação pela Itatiaia
                                                 
Como no rádio a comunicação é feita apenas por meio do áudio, se torna necessário prender a atenção do espectador na partida com uma presença marcante da fala, que nesse caso não vem acompanhada de imagem alguma. Além disso, a maior velocidade da narração tenta criar no espectador uma imagem do que está acontecendo no jogo, sendo que dessa maneira cada um irá criar o ambiente da partida de acordo com sua imaginação. O fato é que no rádio o silêncio não pode ocorrer de maneira alguma.

Mas só isso não é necessário. Como um ambiente fantasioso é criado, cada jornalista precisa da sua assinatura, de sua própria marca, que ilustrará o imaginário dos ouvintes. Isso é o que acontece na Itatiaia, em que quase todos profissionais do ramo esportivo têm seu próprio bordão. Para se ter uma noção da presença desse artifício vou enumerar alguns dos profissionais da tradicional rádio mineira e seus respectivos bordões:

- Alberto Rodrigues (narrador): repete "Gol" rapidamente e de forma seguida chegando a dizer a palavra mais de dez vezes. (Clique aqui para ouvir)


- Mario Henrique "Caixa" (narrador): Grita "Caixa" ao narrar os gols. É tão marcado pelo bordão que carrega ele no "nome". (Clique aqui para ouvir)

- Ênio Lima (narrador): Narra os gols repetindo "Marcou" seguidamente. (Clique aqui para ouvir)

- Roberto Abras (repórter): Ao comentar gols do Atlético quase sempre termina a frase dizendo "Explode o coração alvinegro de alegria". (Clique aqui para ouvir, a partir de 1 min e 7 s.)

- Thiago Reis (repórter): tem um fortissímo bordão, o "Seu nome e seu bairro", que por sinal é uma espécie de quadro, ao entrevistar torcedores antes e depois das partidas. (Clique aqui e ouça o quadro)

- Álvaro Damião (repórter): Ao comentar os gols sempre diz "Mexe, remexe, estremece, enlouquece a nação (time que fez o gol)". (Clique aqui para ouvir, a partir de 59 segundos)


Tanta irreverência e liberdade de criação culminam em um grande apelo popular desse meio de transmissão futebolística, fazendo com que várias pessoas assistam a TV no mudo acompanhando a narração do jogo no rádio, ou que até mesmo vejam o jogo do seu time no estádio com um radinho de pilha colado no ouvido. 


3 comentários:

  1. Pedro, adorei ouvir os bordões!
    Muito divertidos!
    O Roberto Abras parece também gostar de falar "caixa" também, não é?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Bárbara acredito que você tenha se confundido quanto ao áudio do Roberto Abras. Ele só começa a falar a partir de 1 min e 7 segundos do arquivo, como coloquei no post. O mesmo acontece com o Álvaro Damião, que só começa a falar a partir de 59 segundos como também coloquei entre parenteses. Ambos são repórteres de campo que descrevem lances que ocorrem durante a partida, sendo que nos áudios disponibilizados eles descrevem gols.

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