segunda-feira, 28 de maio de 2012

A percepção de Glauber Rocha sobre o cinema de Mauro e a análise do curta "O João de Barro." [ Laís Ferreira Oliveira] # 3


 Em “Revisão crítica do cinema brasileiro”,  Glauber Rocha analisa a trajetória do cinema brasileiro.  No capítulo “Humberto Mauro e a situação histórica”, o cineasta baiano reflete acerca do cinema nos anos 30 e a influência dessa época na obra do cataguasense. Caracterizado por Rocha como o terceiro grande ciclo cinematográfico mundial – sequente ao expressionismo alemão e ao período clássico russo -, essa década será marcada pela proliferação de linguagens e pelo fortalecimento do vanguardismo francês. Esse contexto questionava o cinema industrial e influenciou, segundo a Rocha, a valorização da verdade e da intuição na obra de Mauro – características que o aproximam do cinema novo.
No curta “O João de Barro” pode-se identificar a presença de alguns elementos levantados por Rocha. Visando retratar os hábitos do pássaro João de Barro, o curta é uma obra educativa; apresenta, porém, elementos que o distinguem da estética usualmente empregada nessas produções. Nesse sentido, destacam-se os comentários  dos pesquisadores Eduardo Gruzman e Anita Leandro, segundo os quais Mauro enquadrar-se-ia em uma perspectiva construtivista da educação pedagógica.  Ambos salientam o estímulo de Mauro a interpretações para além daqueles desejadas por Roquete Pinto – diretor do INCE. Por meio  de uma narração nem sempre constante ao longo do curta, Mauro estimularia múltiplas interpretações dos espaços vazios e das paisagens mostradas no filme.
Pessoalmente, esse foi o curta em que percebi  a maior expressividade do cataguasense. Gostei muito dos planos em que são mostrados ninhos em fiações  de postes, demonstrando o contraste da construção dos ninhos com a modernidade. Porém, senti falta das músicas presentes nos curtas analisados em meus outros posts. Quiçá, Mauro pudesse ter encontrado ou sugerido a Pinto o uso de alguma cantiga brasileira sobre o quotidiano do joãos-de-barro.
Segue, abaixo, o link para o curta-metragem:



3 comentários:

  1. Dessa vez, não encontrei o vídeo no youtube. Por isso, postei o link para o vimeo.

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  2. Olá, Laís. Você continua indo bem. É muito bom que você tenha condições de ler mais coisas, como o texto da Anita Leandro e Eduardo Gruzman. Bom também o parágrafo final, colocando suas opiniões pessoais. Curioso você sentir falta de música nesse filme, pois há uma trilha sonora orquestrada permanentemente! Acho que a escolha pela trilha instrumental (em vez da canção) se deve ao fato de que há a voz off do narrador (ficaria mais confuso, narrador e voz cantada de fundo, simultaneamente...). Nos filmes que você analisou antes, a canção funcionava como uma espécie de narração - só que cantada. Abraço!

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  3. Quanto ao link para o vimeo, não há problema! Uma outra alternativa teria sido colocar frames do filme, apenas para ilustrar.

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