Em minha terceira postagem, discorri
sobre a relação de Humberto Mauro com o movimento do cinema novo a partir da análise do livro escrito por
Glauber Rocha. Nesse post, analisarei “A Velha Fiar”, de 1964, cuja linguagem possui
elementos responsáveis por aproximá-lo das características do período apontado
pelo cineasta baiano.
Nesse
sentido, “A Velha a Fiar”, sob o viés do
artigo assinado por Antônio Cícero e
outros autores, apresenta elementos da estética da “câmera caneta” - recorrente
no cinema novo. Expressão cunhada pelo crítico francês Alexandre Astuc, o termo
refere-se ao emprego da expressividade máxima por um diretor durante o manejo
da câmera e caracterizou o caráter vanguardista dos filmes produzidos na década
de 60.Outro elemento
importante na construção cinematográfica desse período é a montagem. Conceituada pelo artigo
supracitado como “a organização dos planos de um filme em certas condições de
ordem e de duração”, esse recurso alicerçou a inventividade de “Acossado” ,de
Jean-Luc Godard, e de “Os incompreendidos”, de François Truffaut – ambas obras
do cinema novo francês.
E
é justamente pela sua montagem rápida que “A Velha a Fiar”, é considerado um dos importantes filmes brasileiros.
Apresentando grande sincronia entre a letra da canção “A Velha a Fiar” e as imagens exibidas, esse
filme é considerado pioneiro na produção de videoclipes no país. A montagem do curta é precisa e organizada:
antes do início da canção, o filme apresenta o espaço e as principais personagens.
Durante a música, é impressionante a rapidez dos cortes e a multiplicidade de
elementos imagéticos referentes ao mesmo termo da música. Nesse contexto,
apesar da canção repetir várias vezes o termo “a mosca”, por exemplo, esse
inseto não aparece representado sempre pelo mesmo plano.
Observem:
Pessoalmente,
gosto muito dessa obra de Humberto Mauro devido justamente à montagem rápida. O
caráter de “primeiro videoclipe” assemelha-se
à estética do filme “O homem com um câmera” – de 1929-, produzido pelo
cineasta russo Dziga Vertov e do qual eu gosto muito. Segue, abaixo, um trecho
desse filme:
Olá, Laís. Também gosto muito desse filme, mas tem um aspecto importante nele que você não mencionou: o humor! Não sei dizer se ele é importante "justamente pela sua montagem rápida", acho que ele ficou conhecido porque é muito bem acabdo e tem ainda esse toque humorístico que faz com ele seja de fácil comunicabilidade.
ResponderExcluirNos vemos no encontro final, quando poderemos conversar mais sobre o seu percurso na disciplina!
Abraço!
*bem acabado.
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