quarta-feira, 20 de junho de 2012

Análise do curta "A velha a fiar" - [Laís Ferreira Oliveira] # 5


          Em minha terceira postagem,  discorri  sobre a relação de Humberto Mauro com o movimento do cinema novo  a partir da análise do livro escrito por Glauber Rocha. Nesse post, analisarei “A Velha Fiar”, de 1964, cuja linguagem possui elementos responsáveis por aproximá-lo das características do período apontado pelo cineasta baiano.
          Nesse sentido,  “A Velha a Fiar”, sob o viés do artigo assinado por  Antônio Cícero e outros autores, apresenta elementos da estética da “câmera caneta” - recorrente no cinema novo. Expressão cunhada pelo crítico francês Alexandre Astuc, o termo refere-se ao emprego da expressividade máxima por um diretor durante o manejo da câmera e caracterizou o caráter vanguardista dos filmes produzidos na década de 60.Outro elemento importante na construção cinematográfica desse período é  a montagem. Conceituada pelo artigo supracitado como “a organização dos planos de um filme em certas condições de ordem e de duração”, esse recurso alicerçou a inventividade de “Acossado” ,de Jean-Luc Godard, e de “Os incompreendidos”, de François Truffaut – ambas obras do cinema novo francês.
       E é justamente pela sua montagem rápida que “A Velha a Fiar”, é considerado  um dos importantes filmes brasileiros. Apresentando grande sincronia entre a letra da canção  “A Velha a Fiar” e as imagens exibidas, esse filme é considerado pioneiro na produção de videoclipes no país.  A montagem do curta é precisa e organizada: antes do início da canção, o filme apresenta o espaço e as principais personagens. Durante a música, é impressionante a rapidez dos cortes e a multiplicidade de elementos imagéticos referentes ao mesmo termo da música. Nesse contexto, apesar da canção repetir várias vezes o termo “a mosca”, por exemplo, esse inseto não aparece representado sempre pelo mesmo plano.
                Observem:


            Pessoalmente, gosto muito dessa obra de Humberto Mauro devido justamente à montagem rápida. O caráter de “primeiro videoclipe” assemelha-se  à estética do filme “O homem com um câmera” – de 1929-, produzido pelo cineasta russo Dziga Vertov e do qual eu gosto muito. Segue, abaixo, um trecho desse filme:

2 comentários:

  1. Olá, Laís. Também gosto muito desse filme, mas tem um aspecto importante nele que você não mencionou: o humor! Não sei dizer se ele é importante "justamente pela sua montagem rápida", acho que ele ficou conhecido porque é muito bem acabdo e tem ainda esse toque humorístico que faz com ele seja de fácil comunicabilidade.
    Nos vemos no encontro final, quando poderemos conversar mais sobre o seu percurso na disciplina!
    Abraço!

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