segunda-feira, 11 de junho de 2012

Esse Obscuro Objeto de Desejo [Nina Goulart] #4

Este Obscuro Objeto de Desejo (Cet Obscur Objet du Désir), úiltimo filme de Luis Buñuel, de 1977, nos apresenta, em termos de estrutura, um vívido contraste ao primeiro, tratado anteriormente (Um Cão Andaluz). O filme à primeira vista parece se enquadrar mais aos padrões do cinema convencional, apresentando numa narrativa bastante tradicional a busca incansável de Mathieu (Fernando Rey), um senhor rico e de idade um tanto avançada, por sua Conchita (Carole Bouquet e Angela Molina), uma jovem virgem e sedutora que se recusa categoricamente a ceder ao seu desejo de consumação.  Miguel persegue Conchita durante todo o filme, e por vezes ficam juntos, mas a moça se recusa a ter relações sexuais com ele, ainda que afirme amá-lo. De fato, ela parece acreditar que sua recusa seja uma forma de manter seu vínculo com ele, mantê-lo apaixonado. Um dos traços surrealistas mais marcantes no filme é que Conchita seja interpretada por duas atrizes diferentes que se alternam, supreendendo os espectadores mais atentos. Foi uma surpresa ler em diversos comentários acerca do filme que grande parte das pessoas que assistem a ele não notam tal "detalhe", um toque sutil de absurdo com o qual Buñuel mais uma vez desafia a lógica corriqueira com a qual estamo habituados. Na obra coexistem valores contraditórios, a relação entre os protagonistas não apenas é tratado com permissividade pela mãe da garota, como é também incentivado, sugerindo Mathieu como um substituto plausível de um pai que se absteve de seu papel, justificando seu caráter incestuoso. Conchita, por outro lado, apesar de sua lascividade cruel e manipuladora, apresenta uma inseguraça infantil em sua resistência e com ela parece defender não apenas seus interesses materiais como um requício de moralidade, uma consciência de que vive um amor distorcido.
Em Um Cão Andaluz também é protagonizada por um casal, e o tango argentino que acompanha o filme ajuda na sugestão de um romace mal-fadado, os amantes são mostrados enterrados separados num sólo inférti. Lembrando ainda das referências à repressão sexual, o primeiro e o último filme são afins, permeados por uma angústia inconclusiva e uma sensação de frustração.

4 comentários:

  1. Interessante, Nina.
    Mas preste mais atenção na revisão do texto, tanto com relação à ortografia, quanto com os parágrafos, por exemplo.

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  2. Também acho, Nina. Precisa caprichar mais, e como sugerimos, incrementar seu post com imagens e trechos dos filmes. Visualmente, este post poderia estar mais interessante, mais apresentável!

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  3. Fiz ele na correria mesmo, dá pra ver.

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