segunda-feira, 11 de junho de 2012

Martin Scorsese e a violência: Gangues de Nova York e Cabo do Medo [#04] Nina Rocha


Nova York em meados do século XIV, com as divergências entre republicanos e democratas, o medo, o preconceito e a violência da Guerra Civil norte-americana e suas facções. Em outra história, um estuprador psicótico convicto de sua inocência decidido a perseguir o seu advogado de defesa que, segundo ele, escondeu informações cruciais para a sua condenação pelo júri na época do julgamento. Os dois enredos são filmes dirigidos por Martin Scorsese, lançados em 2002 e 1991, respectivamente, Gangues de Nova York e Cabo do Medo apresentam histórias motivadas por um único sentimento: a vingança. 

Gangues de Nova York mostra os Estados Unidos sendo erguido sobre sangue, prostituição, xenofobia. A história segue os passos de Amsterdam (Leonardo DiCaprio), que busca vingar a morte do seu pai por  Bill, “O açougueiro”. Amsterdam é deixado ainda criança em um orfanato e de lá sai, durante a adolescência com o único intuito de matar Bill como vingança pelo pai. Para isto, Amsterdam se torna braço direito de Bill, conhecendo o funcionamento de sua gangue e agindo diretamente com ele (semelhante ao que ocorre no filme Os Infiltrados, de 2006, que será comentado no próximo post). Os conflitos entre as gangues se tornam mais violentos quando Amsterdam é traído por um amigo e Bill descobre a sua farsa,  levando a uma batalha da máfia de Bill e o grupo de imigrantes, liderados por Amsterdam. 

Em Cabo do Medo, Scorsese explora muito bem as reações de nervosismo e medo de uma família ameaçada que está sendo perseguida, deixando no filme um clima tenso desde as primeiras cenas.  Um dos pontos mais interessantes do filme é o do personagem principal, Max – protagonizado por Robert de Niro -, ter passado boa parte do seu tempo dentro da prisão estudando sobre leis, e  age sempre dentro delas, e ainda assim, consegue infernizar e levar ao limite todos os membros da família, deixando-o inapto a agir em sua defesa. Como em outros filmes de Scorsese – inclusive Gangues de Nova York – não existe uma linha que divide o bem e o mal ou o certo e errado, apesar dos evidentes trejeitos marcados nos personagens. Há ainda no filme, o jogo da sedução do perigo evidenciado na relação de Max com a filha adolescente do casal, que mostra a todo instante num ato de rebeldia o desejo de conhecer aquele que sua família tanto teme, e o encontro entre os dois personagens, é certamente um dos momentos mais marcantes e tensos do filme.


Um comentário:

  1. Muito bom o post Nina!
    Ótimo texto, bem escrito.
    Gostei da forma como você apresentou o filme e focou nos seus interesses principais, sem deixar sua marca de lado.

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