A
foto ao lado evidencia como diferentes tribos se misturam no Duelo de MC`s. O
cenário comporta pessoas desde a periferia até a zona sul de Belo Horizonte. No
entanto, quem frequenta o evento consegue perceber que diferentes grupos ocupam
diferentes lugares em baixo do viaduto. Na parte de frente ao palco existe uma grande diversidade humana cultural, mas ao lado direito do palco é possível
perceber que se concentram pessoas que aparentam baixa condição financeira,
enquanto ao lado esquerdo, pessoas que aparentam maior condição financeira.
Apesar de entender a multiplicidade do evento, essa divisão de grupos no Duelo de MC's sempre me incomodou muito, além do fato de que desde a sua origem até os dias atuais apenas duas mulheres já subiram ao palco para duelar. Ao entrevistar Monge, apresentador do Duelo e membro da Família de Rua, entendi que a divisão de grupos se justifica no grande público do Duelo e na falta de compromisso que grande parte desse público tem com a proposta do evento. Então esse incomodo se reverteu em mudança de atitude: eu, que costumava assistir o Duelo pelas laterais do palco, me aproximei e passei a me posicionar centralmente, assim pude ver como a minha participação e interação no Duelo mudou qualitativamente. Monge afirmou também que o Duelo de MC's, assim como o movimento hip-hop, sofre influência da sociedade e como a sociedade é machista, esse fato se reflete no Duelo.
No entanto, ao entrevistar uma estudante que não quer ser
identificada, mas participa do Duelo desde sua orgiem e tem vários projetos em
periferias de Belo Horizonte, descobri que os meus incômodos tinham raízes
mais profundas. Não se trata apenas da maneira como as pessoas ocupam o espaço
do viaduto Santa Tereza, mas essencialmente sobre qual movimento Hip-Hop está sendo
promovido naquele local. O Hip-Hop promovido no Duelo de MC's se baseia em um
cultura norte-americana, e, para a estudante, esse fato desencadeia uma série
de fatores que leva à segregação e impede o combate real a opressão feminina no evento.
obrigada pela visita no blog!!!
ResponderExcluirbjim e volte sempre!!!
http://actualprettyandfashion.blogspot.com.br/
"O hip hop se baseia numa cultura norte-americana". Essa é a razão do machismo? E se fosse baseada numa cultura brasileira ou mexicana? Não acho a explicação dessa estudante convincente. Acho que o Monge tem um a justificativa muito mais consistente.
ResponderExcluirCarlos, eu não consegui desenvolver plenamente o argumento dela por causa do espaço, mas o que ela quer dizer com isso é que o movimento hip hop norte americano esteve muito ligado a questão religiosa e a lógica de promover o hip hop a qualquer custo. Esse fato, para ela, dificulta o combate real ao machismo e a segregação. Por isso ela afirma que os problemas que hoje o Duelo de MC's enfrenta é consequência da reprodução do movimento hip hop norte americano.
ExcluirCompreendo a questão de promover o hip hop a qualquer custo, mas não sei até que ponto a segregação da mulher entra na conta desse "a qualquer custo"... No duelo eu não vejo nem a metade das referências machistas que aparecem em clipes dos rappers americanos. Ao mesmo tempo eu retomo a minha desconfiança sobre uma afirmação de que o "modelo de hip hop americano" estimula mais o machismo do que um "modelo brasileiro de hip hop". Deixando o hip hop e as referências americanas pra lá, para embarcar em referências netamente brasileiras, transcrevo um trecho de um "modelo brasileiro de música caipira" para a gente refletir sobre as "origens do machismo".
ResponderExcluir"Quem tem mulher que namora
Quem tem burro empacador
Quem tem a roça no mato
Me chama que jeito eu dou
Eu tiro a roça do mato
Sua lavoura melhora
E o burro empacador
Eu corto ele na espora
E A MULHER NAMORADEIRA
EU PASSO UM COURO E MANDO EMBORA" (Pagode de Goiás - Tião Carreiro e Pardinho)
Se quiser ouvir e acompanhar com a letra:
http://www.cifraclub.com.br/tiao-carreiro-e-pardinho/pagode-em-brasilia/