Batismo de
Sangue (2007), de Helvécio Ratton, conta a história de luta e a repressão
sofrida por Frei Tito. É possível aproximá-lo dos outros dois filmes analisados
anteriormente (“O que é isso, Companheiro?” e “Lamarca”). O diretor, Helvécio,
lutou contra o regime militar, o que pode explicar, em parte, a escolha pela
estética realista. As cenas de tortura são fortes, a violência tem grande
espaço no filme, mas não da mesma forma que as outras duas produções analisadas
na última quinzena que acabei de citar. Ao contrário delas, “Batismo de Sangue”
é dramático através do enredo, as cenas são fortes graças à sua significação
dentro da narrativa, e não por serem violentas por si só, como acontece
naqueles dois filmes. O filme provoca revolta no espectador, o faz querer ir
contra aquilo retratado, pois tenta se aproximar da verossimilhança, como um
filme documento.
O filme
Cabra-Cega (2005), de Toni Venturi, emociona e inspira. A produção aposta em
atingir aspectos psicológicos em relação ao período que retrata. Ao assistir,
consigo enxergar dois principais. O primeiro, a sensação de prisão que é
passada, tanto através do roteiro (um militante, Thiago, que precisa ficar
escondido para não ser pego pelo regime) como das escolhas cinematográficas
(câmera tremendo, barulhos vindos da rua se repetindo de forma a causar certo
desespero, planos fechados, ou seja, com muito zoom, etc.)
O segundo
aspecto é mais inspirador: a película não pretende resgatar uma memória
fechada, mas sim reviver os sentimentos daqueles que lutaram contra a ditadura;
mostrar que esses sentimentos estiveram presentes em diversos momentos da História
e, principalmente: eles ainda existem. A vontade de lutar, de forma tão forte
que pode chegar a ser inconsequente, não importando nenhuma consequência. Lutar
no escuro, mas lutar.
Interessantes suas observações com relação a sentimentos e ações que os filmes poderiam suscitar, Thais.
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