segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ética e/ou Estética [José Henrique Pires] #4


Qualquer um que assista a Lixo Extraordinário pela primeira vez tende a perguntar-se logo que o filme termina: do que fala esse documentário? Arte ou problema sociai?

Essa questão assim como toda análise da obra audiovisual está cercada pelo caráter subjetivo de cada leitura que pode ser feita. Para que essa questão seja tratada, devemos nos ater aos exemplos e situações exibidas no filme.

Primeiramente, por um lado, o problema social – vida miserável em lixões e denúncia ao consumismo burguês – é fortemente apresentado com caráter apelativo. São mostradas imagens impressionantes do lixão que chocam o público (crianças, adultos, velhos e animais misturados em busca do “melhor” lixo). As entrevistas em que os catadores narram a realidade carente daquele ambiente ajuda a configurar no imaginário do espectador a vivência difícil dos catadores.

Por outro lado, a questão da arte é também muito evidente. Começando pela presença do artista Vik Muniz, que tem uma série de trabalhos que transformam em arte materiais inusitados – macarrão, sucata, chocolate. A presença estética é claramente observada nas fotos tiradas por Vik Muniz que servirão para as obras produzidas com lixo. 
As fotos abaixo mostram a inspiração artística de Vik para produzir suas obras, priorizando imagens consagradas à situações que poderiam ser encontrads no Lixão Gramacho:

Narciso -  Caravaggio 

Atlas - Giovanni Francesco Barbier

Passadeira - Picasso

A morte de Marat - Jacques-Louis David


Mas no desenvolver do documentário percebe-se que essas duas vertentes se cruzam. A mistura da arte e do social cria a emoção que existe em Lixo Extraordinário. É justamente essa interseção que sustenta a máxima do documentário: A arte é um caminho para a superação.

Trecho do documentário em que Tião e Vik conversam sobre o que é "arte" :




Um comentário:

  1. A discussão ética X estética é interessantíssima e dá um pano pra manga infinito. Se você tiver uma queda pelas discussões teóricas, tiver interesse pela iniciação científica etc etc... vale correr atrás dos textos do Herman Parret.

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