sexta-feira, 22 de junho de 2012

Apaixonados por cinema [Luísa Teixeira de Paula] #5

A existência de uma loja Ponto Frio na sede do antigo CineShopping Art Palácio, na avenida Paraná em Belo Horizonte, não parece ser de todo impensada, uma vez que os carros-chefe atuais da marca sejam justamente as novas tecnologias que pretendem trazer a experiência do cinema à sua sala, como as grande Smart TVs em 3D e aparelhos Blue-ray. Com isso, a questão O que leva as pessoas às salas de cinema?, que começou a tomar forma no último post, ganha uma nova importância. De acordo com Viviane Melano, que optou pelo comodismo de assistir a seus filmes preferidos em casa, é justamente o fator conforto que acabou por pesar nessa decisão. “Mas é mesmo por comodismo, a palavra é essa. É o conforto de estar em casa, poder parar a hora que quiser, sabe? De fazer no meu tempo(...) Mas assim, não comparo. Não acho que seja melhor, não acho que substitua”, afirma ela, em uma sessão do FIT (Festival Internacional de Teatro Palco e Rua) no Cine Humberto Mauro.

Ainda que muitas pessoas compartilhem dessa mesma opinião, o que se vê, em sua grande maioria, é que os reais admiradores das salas cinema - sejam elas de shopping ou rua -, não trocam a experiência do escurinho do cinema por nada. “Não adianta só você pegar o filme e assití-lo em casa. A experiência é tudo: é vir ao cinema, sentar na cadeira do cinema (...), uma coisa só não tem tanta emoção quanto tudo junto”, diz Bruna Marques, presente em  uma exibição no Usiminas Belas Artes com o namorado, Pedro, que completa: “quando você entra numa sala de cinema, você desperta, se distancia do restante do mundo. E quando você vê um filme simplesmente na sala de casa, várias coisas tendem a  atrapalhar o momento.”

Para o estudante de Fotografia Eduardo, e o gerente Alísio,  frequentadores do Cineart - Shopping Cidade, outro aspecto muito importante é o fator social: “eu ainda venho no cinema por causa desse clima cinemático, dessa loucura, dessa luz baixa e tal. E também por causa da companhia”, diz o primeiro. O outro completa: “é um ponto de encontro, um jeito de ver caras novas; uma oportunidade de sair de casa (...) E ainda tem aquela vontade de quando ainda se espera pelo cinema, você toma um chopinho, come um tira-gosto, encontra uma pessoa ou outra e por ai vai.” O estudante Diego Lacerda, no Belas Artes,  vai além: “Ah, acho que é uma forma de socializar, querendo ou não, com amigo, parceira, parceiro. Acho que é basicamente isso e acho que é interessante. É mais gostoso assistir no cinema.”  

Na crônica “De mãos dadas no cinema”, a jornalista Martha Medeiros explora justamente essa concepção romântica das salas de cinema, que acompanha a história das telonas desde sempre. “Namoro que é namoro está representado por algo muito (...) simples, sutil, barato e íntimo: os dedos entrelaçados no escuro do cinema(..), que não são uma representação pública de amor, e sim um carinho privado (...) num espaço compartilhado com estranhos, no escuro.”

Dessa maneira, o cinema se define como uma “mistura de expressões humanas, sensibilidade e intuição”, de acordo com Delfim Afonso, chefe do departamento de Comunicação Social da UFMG. É nesse espaço que uma história bem contada pode tirar o fôlego de dezenas de espectadores ao mesmo tempo, que têm suas histórias pessoais misturadas umas às outras, embaladas pelo escurinho aconchegante, pela telona.

2 comentários:

  1. Oi, Luísa, adorei o último post. Ficou bem escrito, bem intimista - como você propunha - e ainda com essa cara de "concluindo meu percurso". Gostei bastante!
    Semana passada saiu uma matéria no caderno de Cultura do Estado de Minas sobre os cinemas de BH, você viu? Foi capa do caderno e ganhou mais meia página interna. Lembrei de você. :)
    Um abraço e até o encontro final!
    Parabéns!

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  2. Ler seu comentário me deixa muito feliz, Cris! Esse último post foi muito especial pra mim, e ter conversado com essas pessoas no Shopping Cidade, Humberto Mauro e Belas Artes e fez ver um pouco do que eu quero com o curso.
    O professor Delfim também me falou sobre essa mesma reportagem, e eu li. Fico muito feliz por vocês dois terem se lembrado do meu Projeto :)
    Obrigada, de novo

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