Quem assiste a um ou outro filme de Tarantino consegue perceber o amor que o diretor tem pela cultura japonesa, principalmente espadas. Em vários títulos, a arma escolhida pelo personagem para lutar é uma tradicional espada nipônica. Porém, no filme Kill Bill, Quentin escancara esse amor e praticamente faz uma homenagem ao universo oriental: lutas intensas, diálogos em japonês, cenas em anime, e personagens quase caricaturais, como Pai-Mei, livremente inspirado em ‘Bak Mei’, um ser folclórico chinês, cujo nome em tradução literal significa “sobrancelhas brancas” e que também já apareceu outras adaptações cinematográficas chinesas, principalmente na década de 70 e 80.
A trilha sonora conta com uma canção de uma banda japonesa, chamada “The 5 6 7 8”, que participa do filme, como você pode conferir no vídeo a seguir:
Além da banda, temos a participação do grupo de artes marciais “The Crazy 88”, contracenando com uma assassina vestida como uma tradicional colegial japonesa, referência clara à cultura oriental, em que ela mescla uma personalidade meiga e indefesa à de uma assassina fria. Percebemos também trajes tradicionais do Japão, e a linguagem falada no filme é o japonês. Esse é um ponto interessante, já que a maioria dos filmes americanos não integra a língua original ao roteiro, e ao invés disso, utiliza um sotaque carregado para caracterizar estrangeiros.
Nessa cena temos uma estética que se mantém por todo o filme: o exagero nas cenas de violência. A forma com que as lutas são construídas nos remete aos filmes chineses, em que lutadores ultrapassam o limite humano. O sangue esguicha e presenciamos mortes inusitadas, como um machado que voa na cabeça de alguém. É um clichê de filmes orientais que funciona perfeitamente na proposta do filme. Outro clichê presente é o momento ‘discípulo VS. mestre’, mostrando a difícil trajetória do heroi até a superação dos seus limites.
E por fim, não podemos nos esquecer do capítulo de Kill Bill totalmente em anime (estilo de desenho japonês), criado especialmente para o filme para contar a história da personagem de Lucy Liu.
Como você pode ver, não são poucas as referências asiáticas nos filmes do Tarantino, em especial em Kill Bill. Espero que o pouco que mostrei tenha dado um vislumbre do trabalho dele, e do esforço do diretor em retratar vários aspectos de uma cultura, incorporando também elementos externos, criando uma estética única.
Acho muito bons os sons dos movimentos e dos golpes dos personagens. É tão oriental que parece videogame.
ResponderExcluir