A frase do título é cantada por Jeca no
filme "A tristeza do Jeca" de 1961. É difícil analisar a produção
sem cair na idolatria porque Mazzaropi constrói uma narrativa rica em miséria e
sofrimento de modo a tomar quem assiste pelo sentimento de compaixão.
Uma breve discussão merece ser travada
aqui sobre o tema central dessa obra: disputa política. Uma cidade do interior,
dois candidatos que são coronéis latifundiários e uma pequena população sem
terras que precisa de um emprego na roça para viver. São esses os três elementos
principais para se apresentar uma eleição naquele período da história do
Brasil, a população vota como que em uma transação comercial.
Outro ponto forte da trama é a posição de
destaque que o Jeca ocupa perante a sua comunidade mesmo que ele não passe de
um homem desinteressado pelo trabalho pesado. Os candidatos enxergam como
fundamental o apoio do caipira para conquistar os votos do restante das
pessoas, dessa forma fazem o que é preciso para obtê-lo (seqüestros, falsas
promessas e muita lábia).
Apesar do cenário muito bem montado para
explicar como funcionava o processo eleitoral, acredito que tenha faltado
aquela solução para o problema do desemprego (gerado pela vitória do opositor)
vinda do simples caboclo, característica dos filmes de Mazza. Não se pode
esperar que um candidato eleito por meio da falcatrua venha a se transformar
num bom sujeito que ofereça dezenas de empregos do nada como de fato ocorre no desfecho.
Podemos considerar talvez que Mazzaropi
guarde a ilusão de políticos em uma política democrática feita para o povo. Ou
tudo não se passa de uma grande crítica a falta de chances que o homem do campo
tem de fazer alguma diferença na sua própria realidade.
Vou ver o filme com atenção para um dia a gente discutir as possíveis interpretações.
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