Parte do guia da discussão. |
Na
quarta quinzena, realizei o grupo de discussão com a “turma um”, composto por
alunos do ensino fundamental e da rede pública. A escola escolhida foi a Escola
Estadual “Pandiá Calógeras”, localizada na região centro-sul de Belo Horizonte,
e os seis alunos (quatro meninas e dois meninos) participantes da pesquisa pertenciam
a 9ª série e tinham entre 13 e 14 anos de idade.
Iniciei a pesquisa com uma “ficha
pré-diálogo”, que além das informações como “nome”, “idade” e “ocupação”,
questionei aos adolescentes o que geralmente assistem na televisão e sem
explicar que o meu trabalho teria como objetivo a novela “Malhação”. “Novelas”,
como forma geral, apareceram nas respostas de 5 dos 6 entrevistados.
Após a breve introdução, expliquei o
trabalho, o seu funcionamento e passamos a discutir sobre questões relacionadas
ao tema do meu projeto. Todos os entrevistados classificaram Malhação como uma
novela ruim e dataram épocas em que consideravam o programa interessante. Apesar
disso, quando questionados sobre o que estava no ar atualmente, todos
responderam com exatidão, incluindo informações do capítulo do dia anterior a
realização do grupo focal.
Foi interessante observar que todos
os entrevistados notaram uma repetição dos temas do seriado (gravidez foi o
assunto que mais repercutiu durante o debate). Entretanto, todos repudiaram o
caráter sobrenatural que a temporada 2012 tentou emplacar. Uma adolescente
ressaltou que “por ser Malhação, este tipo de tema não combina”. Ou seja, mesmo
com tantas repetições pude perceber que o público ainda espera o “arquétipo-Malhação”
usual.
Ao perguntar se a novela em questão
trazia informações úteis para o dia-a-dia de cada um, pude perceber que os
adolescentes muitas vezes se identificavam com determinados temas apresentados.
Alguns integrantes da discussão comentaram que muitas vezes Malhação retratava
a realidade. Todos consideraram o seriado como um produto feito para os jovens,
já que “tudo é fácil de identificar”. Porém, mesmo mostrando a realidade para
eles, alguns não consideraram as informações apresentadas tão úteis para o seu
cotidiano. Comentaram que Malhação já teve um caráter pedagógico. Hoje não
mais.
Ao realizar o
grupo focal, encontrei-me em uma situação curiosa: ocorreu exatamente como havia lido na bibliografia. Uma das
entrevistadas insistia em falar sempre, tentando dominar a discussão, de certa
forma, estava sempre atenta a tudo o que escrevia e ainda repetia algumas
frases várias vezes, para que eu anotasse integralmente. Os próprios colegas a interrompiam alegando que apenas ela queria a palavra (por isso o debate ocorreu normalmente); outro entrevistado não
falava espontaneamente no início da discussão, e fui obrigado a desviar do
assunto várias vezes para criar uma identificação com o garoto e então obter as
suas respostas; outro insistia em dar respostas “engraçadas” (ex: “o que
costuma assistir na TV?” resp.: “programas!”), contudo utilizei da mesma tática
que o entrevistado anterior e não tive problemas em realizar as discussões.
Fiquei bastante satisfeito com as
respostas e muito surpreso com os “personagens” da discussão, pois escolhi de
forma completamente aleatória e pude contar com pessoas com “aparências/personalidades”
distintas: uma mais “romântica”, outra mais “experiente”, um “humorista”, outra
mais estudiosa, entre outras características que percebi durante o debate.
Quanto a bibliografia li todos os
textos, porém, no texto “Juventude e escola: a interseção entre Malhação e o
cotidiano dos jovens” (SOUSA, Cirlene Cristina), o que procurei ler é como foi
realizado o grupo de discussão, a análise dos resultados e por isso exclui as
partes que falavam sobre a novela, que já constavam em outros textos já
selecionados.
No
final da quarta quinzena eu realizei o grupo de discussão dois, porém preferi
incluí-lo na última postagem.
Foram em torno de 20 perguntas na discussão, divididas em três partes já citadas em postagens anteriores. A vontade era transcrever várias falas interessantes, mas sei que o limite de caracteres não permite haha. Até ultrapassei um pouco, mas é que aproveitei para explicar o que li da tese da Cirlene, que você questionou no último post.
ResponderExcluirA imagem foi colocada só pra dar uma ilustrada no post. Não coloquei com o objetivo para ler etc.
Legal a sua experiência, Leonardo, mas fique mais atento ao tamanho do post. Você precisa evitar ultrapassar o número de caracteres. Fiquei curiosa em saber mais do que vocês conversaram. Afinal, por que eles consideram Malhação ruim? Eles acham ruim e continuam assistindo? Achei interessante você ter notado os diferentes "personagens" no seu grupo focal - algo que você era mencionado na bibliografia lida. Você teve alguma surpresa, fora essa? Abraço!
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