quinta-feira, 21 de junho de 2012

Do lixão ao Oscar [José Henrique Pires] #5


Lixo Extraordinário não levou, mas concorreu ao Oscar 2011 entre os melhores documentários. A estatueta pode não ter ido para as mãos de Vik Muniz, mas o fato de ter participado de um dos maiores festivais do cinema mundial expressa a grande repercussão e aceitação que o documentário ganhou dentro e fora do Brasil.

Jackie de Botton, Tião Santos e Vik Muniz no tapete vermelho do Oscar

O documentário participou de dezenas de premiações e festivais ( http://www.lixoextraordinario.net/filme-premios.php), ganhou inúmeros elogios, além de divulgar questões sociais e ambientais. Lixo Extraordinário foi exibido e debatido em Harvard entre alunos, docentes e pesquisadores. Os personagens do filme, o artista e os diretores participaram de programas de televisão no Brasil e também no exterior.


Tião Santos em palestra em Harvard onde debateu questões sobre o lixo

Com tamanha repercussão as críticas consequentemente foram muitas. Por um lado, vários críticos apontavam o caráter denunciativo do documentário. Estes argumentavam que Lixo Extraordinário mostrava com excelência a situação insustentável da miséria brasileira. Emocionante, real, bonito e repleto de esperança.
Já um segundo grupo de críticos explorava o lado possivelmente montado do documentário. Para muitos, o cinema verdade - proposta do gênero documentário - estava longe de ser alcançado no filme de Vik. Os entrevistados respondiam exatamente aquilo que a equipe instigava. A emoção era calculada e aparecia nos momentos certos, editadas para comover o público. Esses críticos acreditavam que o documentário era feito para acalentar a burguesia “preocupada” com os problemas sociais, e também para vender uma imagem até certo ponto negativa do Brasil.


Encontrando um ponto de equilíbrio entre os dois grupos, sem desprezar ou aclamar radicalmente o documentário, é que se pode tentar responder a questão: até que ponto Lixo Extraordinário é realmente extraordinário?

Um comentário:

  1. É interessante você ter encontrado um certo equilíbrio no volume de críticas de cada um dos grupos que você identificou. Contudo, tenho dúvidas se isso desembocaria necessariamente na pergunta que você formulou "é realmente extraordinário". Pense no sentido de "extraordinário", será que a própria controvérsia sobre ele não indica nada de "incomum"?

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